João 11 BPT09D

A morte de Lázaro

1 Um homem chamado Lázaro estava doente. Era natural de Betânia, aldeia onde viviam também as suas irmãs Maria e Marta.

2 Maria foi aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e lhe enxugara os pés com os cabelos. Lázaro, o doente, era seu irmão.

3 Por isso as duas irmãs enviaram este recado a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente.»

4 Quando Jesus recebeu o recado, respondeu: «Essa doença não é de morte, mas sim para mostrar a glória de Deus. Por ela vai Deus manifestar a glória de seu Filho.»

5 Jesus tinha uma grande amizade por Marta, pela sua irmã e por Lázaro.

6 Mesmo assim, quando recebeu a notícia da doença de Lázaro, ficou ainda dois dias no mesmo lugar.

7 Só depois é que disse aos discípulos: «Vamos outra vez para a Judeia.»

8 Os discípulos comentaram: «Mestre, ainda há tão pouco tempo que os judeus te queriam matar e vais agora voltar para lá?»

9 Jesus respondeu-lhes: «O dia não tem doze horas? Se alguém andar de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo.

10 Mas se andar de noite, tropeça, porque não tem a luz com ele.»

11 E acrescentou: «O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas eu vou acordá-lo.»

12 Os discípulos disseram então: «Senhor, se está a dormir, é sinal que vai melhorar!»

13 Jesus queria dizer que Lázaro estava morto, mas os discípulos julgavam que falava do sono normal.

14 Então afirmou-lhes claramente: «Lázaro morreu.

15 E ainda bem que eu não estava lá, pois assim é melhor para a vossa fé. Mas vamos ter com ele.»

16 Tomé, conhecido por Gémeo, disse então aos outros discípulos: «Vamos nós também para morrer com o Mestre!»

Jesus promete a ressurreição

17 Ao chegar a Betânia, Jesus teve conhecimento que Lázaro já estava sepultado havia quatro dias.

18 Betânia fica a uns três quilómetros de Jerusalém.

19 E muitos judeus foram ver Marta e Maria para as consolar da morte do irmão.

20 Quando Marta soube que Jesus estava a chegar, foi ao seu encontro. Entretanto, Maria ficou sentada em casa.

21 Marta disse a Jesus: «Senhor, se cá tivesses estado, meu irmão não teria morrido.

22 Mas também sei que quanto pedires a Deus, mesmo agora, ele to concede.»

23 Jesus garantiu-lhe: «Teu irmão há de ressuscitar.»

24 «Eu sei», respondeu ela, «que no último dia, quando todos ressuscitarem, também ele há de ressuscitar para a vida.»

25 Jesus então declarou-lhe: «Eu sou a ressurreição e a vida. O que crê em mim, mesmo que morra, há de viver.

26 E todo aquele que está vivo e crê em mim, nunca mais há de morrer. Crês tu nisto?»

27 Marta respondeu: «Sim, Senhor! Eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus, aquele que havia de vir ao mundo.»

Jesus chora por Lázaro

28 Depois destas palavras, Marta foi chamar a sua irmã Maria e disse-lhe em particular: «Está cá o Mestre e mandou-te chamar.»

29 Logo que Maria ouviu isto, levantou-se apressada e foi ter com Jesus.

30 Ele ainda não tinha entrado na aldeia mas continuava no lugar onde Marta o tinha encontrado.

31 Os judeus que estavam em casa de Maria para a consolar, quando viram que ela se levantou à pressa e saíra, foram atrás dela, pois pensavam que ia à sepultura para chorar.

32 Ao chegar onde estava Jesus, Maria lançou-se-lhe aos pés, mal o viu, e disse: «Senhor, se cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.»

33 Quando Jesus viu Maria a chorar, e os judeus que tinham chegado com ela a chorar também, comoveu-se muito e ficou perturbado.

34 Depois quis saber: «Onde é que o sepultaram?» Responderam-lhe: «Senhor, vem ver.»

35 Nesta altura, Jesus chorou.

36 Os judeus reconheceram: «Vejam como era amigo dele!»

37 Mas alguns murmuravam: «Ele que deu vista ao cego, não podia ter evitado que este homem morresse?»

Jesus ressuscita Lázaro

38 Jesus, comovendo-se de novo, aproximou-se do túmulo. Era uma caverna e a entrada estava tapada com uma pedra.

39 Jesus disse: «Tirem a pedra.» Mas Marta, irmã do defunto, adiantou-se: «Senhor, já cheira mal! Há já quatro dias que morreu.»

40 «Não te disse há pouco», lembrou-lhe Jesus, «que se acreditasses, havias de ver a glória de Deus?»

41 Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos ao Céu e disse: «Dou-te graças, ó Pai, por me teres ouvido.

42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas digo-o agora para as pessoas que estão aqui acreditarem que tu me enviaste.»

43 Tendo dito isto, clamou em alta voz: «Lázaro, sai cá para fora!»

44 Ele saiu, com as mãos e os pés ligados em faixas e a cara tapada com a mortalha. Jesus ordenou aos presentes: «Desatem-lhe as ligaduras para ele poder andar.»

Conspiração contra Jesus

45 Muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus acabava de realizar, creram nele.

46 Mas alguns foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus fizera.

47 Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Sinédrio: «Que devemos fazer? Este homem realiza muitos sinais.

48 Se o deixamos à vontade, toda a gente vai acreditar nele e os romanos virão destruir o nosso lugar santo e o nosso povo.»

49 Caifás, um deles, que naquele ano era o sumo sacerdote, disse: «Não percebem nada!

50 Não veem que é melhor que morra um só homem pelo povo do que toda a nação ser destruída?»

51 Ora Caifás não declarou isto por si mesmo. Como era o sumo sacerdote naquele ano, foi por inspiração de Deus que ele afirmou que Jesus devia morrer pela nação judaica.

52 Aliás, Jesus devia morrer não apenas pela nação judaica, mas também para reunir todos os filhos de Deus que andam dispersos.

53 A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus.

54 Por isso, ele já não aparecia publicamente na Judeia. Saiu dali e foi para uma região perto do deserto, para uma cidade chamada Efraim. E por lá ficou com os discípulos.

55 Faltava pouco para a festa da Páscoa dos judeus e muita gente das aldeias ia a Jerusalém para as cerimónias da purificação, antes da Páscoa.

56 Eles procuravam descobrir Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Acham que ele não vem à festa?»

57 Os chefes dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordens para que, se alguém soubesse onde estava Jesus, os informasse para eles o prenderem.

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