Lucas 18 BPT09D

Insistência na oração

1 Jesus apresentou esta parábola para lhes mostrar que deviam orar sempre, sem nunca desanimar:

2 «Havia numa certa povoação um juiz que não acreditava em Deus e não tinha respeito por ninguém.

3 Nessa mesma povoação morava uma viúva que procurava muitas vezes o juiz e lhe dizia: “Faça-me justiça contra o meu inimigo.”

4 Durante muito tempo o juiz não fez caso dela, mas depois pensou: “Apesar de eu não acreditar em Deus, nem ter consideração por ninguém,

5 como esta viúva me anda a incomodar, vou fazer-lhe justiça para que ela não me faça esgotar a paciência.”»

6 E o Senhor acrescentou: «Ora vejam lá o que faz o mau juiz.

7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos que chamam por ele dia e noite? Acham que os vai fazer esperar muito?

8 Pois eu afirmo-vos que Deus vos fará justiça sem demora. Mas quando o Filho do Homem vier, achará ele ainda fé sobre a terra?»

Humildade na oração

9 Jesus propôs mais outra parábola para alguns que se julgavam pessoas muito justas e desprezavam os outros:

10 «Dois homens foram ao templo para orar. Um deles era fariseu e o outro cobrador de impostos.

11 O fariseu, altivo, orava assim: “Ó Deus, agradeço-te porque não sou como os outros, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este cobrador de impostos que ali está.

12 Jejuo duas vezes na semana e dou a décima parte de tudo o que ganho.”

13 Mas o cobrador de impostos ficou à distância e nem sequer se atrevia a levantar os olhos para o céu; apenas batia com a mão no peito e dizia: “Ó meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!”»

14 E Jesus concluiu: «Afirmo-vos que o cobrador de impostos foi para sua casa justificado aos olhos de Deus, ao contrário do fariseu. Pois todo aquele que se engrandece será humilhado e todo o que se humilha será engrandecido.»

As crianças e o reino de Deus

15 Algumas pessoas levavam também criancinhas a Jesus para ele as abençoar, mas os discípulos, ao verem isso, repreendiam aquelas pessoas.

16 Então Jesus mandou trazer as crianças: «Deixem-nas vir ter comigo! Não as estorvem, porque o reino de Deus é dos que são como elas.

17 Lembrem-se disto: quem não receber o reino de Deus como uma criança não entrará nele.»

Os ricos e o reino de Deus

18 Um judeu importante perguntou a Jesus: «Bom Mestre, que hei de eu fazer para possuir a vida eterna?»

19 «Por que me chamas bom?», respondeu-lhe Jesus. «Só Deus é bom e mais ninguém.

20 Com certeza sabes os mandamentos: Não cometas adultério, não mates, não roubes, não dês falso testemunho e respeita o teu pai e a tua mãe.»

21 «Desde rapaz que cumpro todos esses mandamentos», disse ele.

22 Jesus ouviu-o e acrescentou: «Só te falta uma coisa: vai vender tudo o que tens e dá o dinheiro aos pobres. Ficarás assim com um tesouro no Céu. Depois segue-me.»

23 Mas ele ficou desolado com aquelas palavras, porque era muito rico.

24 Quando Jesus o viu assim, comentou: «Como é difícil aos ricos entrar no reino de Deus!

25 Sim, é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.»

26 Os que ouviram isto perguntavam: «Neste caso quem é que pode salvar-se?»

27 «Aquilo que é impossível aos homens, é possível a Deus», observou-lhes Jesus.

28 Então Pedro disse a Jesus: «Olha que nós deixámos tudo para sermos teus discípulos.»

29 Jesus retorquiu-lhes: «Pois eu garanto-vos que todo aquele que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos por causa do reino de Deus,

30 receberá muito mais neste mundo, e no outro possuirá a vida eterna.»

Jesus fala outra vez da sua morte e ressurreição

31 Jesus chamou à parte os doze discípulos: «Escutem! Vamos para Jerusalém, onde se cumprirá tudo o que os profetas escreveram acerca do Filho do Homem.

32 Será entregue aos pagãos que vão troçar dele, insultá-lo e cuspir-lhe,

33 bater-lhe e dar-lhe a morte. Mas ao terceiro dia ele há de ressuscitar.»

34 Os discípulos não perceberam nada daquilo. Era para eles uma linguagem velada; coisas que eles não compreendiam.

Cura de um cego

35 Jesus estava quase a chegar à cidade de Jericó e à beira do caminho encontrava-se um cego a pedir esmola.

36 Ao perceber que passava muita gente, o cego perguntou o que era.

37 Disseram-lhe que era Jesus, o Nazareno, que ia a passar.

38 Então ele gritou dali: «Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim!»

39 Os que iam à frente mandavam-no calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem compaixão de mim!»

40 Jesus parou e mandou-o chamar. Quando ele chegou, perguntou-lhe:

41 «Que queres que eu te faça?» E ele respondeu: «Senhor, queria voltar a ver.»

42 Jesus disse-lhe: «Pois vê! A tua fé te salvou.»

43 Naquele mesmo instante o cego começou a ver; seguiu também com Jesus louvando a Deus pelo caminho. E toda a gente, vendo aquilo, também dava louvores a Deus.

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