10 Não renunciei a nada daquilo que me agradava, nem deixei de saborear nenhum prazer. Estou contente com tudo o que passei e esta é a recompensa que me ficou.
11 Pus-me a reconsiderar todas as coisas que eu próprio tinha feito e o esforço que me tinham custado. Realmente, é tudo ilusão. É correr atrás do vento! Não há interesse nenhum em andar neste mundo.
12 Isto fez-me refletir de novo sobre a sabedoria, a loucura e a ignorância. Que pode fazer aquele que sucede a um rei? Só pode fazer aquilo que os outros já fizeram.
13 Vi que, apesar de tudo, a sabedoria vale mais do que a ignorância, tal como a luz vale mais do que as trevas.
14 O sábio tem olhos que veem, ao passo que o ignorante caminha às escuras. Compreendi também que um destino comum os espera a ambos.
15 E concluí que o destino do ignorante é o que me está reservado a mim também. Então para que me dediquei eu mais à sabedoria? De facto, também isto é uma ilusão.
16 Pois nem do sábio nem do ignorante ficará recordação que dure para sempre. Com o passar dos tempos, tudo se esquece. Tanto morre o sábio como o ignorante.