Génesis 37 BPT09D

Sonhos proféticos de José

1 Jacob instalou-se na terra de Canaã, onde o seu pai tinha habitado algum tempo.

2 A história de Jacob continua aqui.José era um jovem de dezassete anos e guardava as ovelhas do seu pai, juntamente com os seus irmãos, filhos de Bilá e de Zilpa, que eram mulheres do seu pai. E ia contar ao pai o mau comportamento dos irmãos.

3 Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho, por ter nascido quando ele já era mais velho, e ofereceu-lhe uma capa muito vistosa.

4 Ao verem os seus irmãos que o pai gostava mais dele do que de qualquer um dos outros, começaram a detestá-lo e nem sequer o saudavam.

5 Uma vez, José teve um sonho e foi contá-lo aos seus irmãos, e daí em diante ficaram a ter ainda mais inveja dele do que antes.

6 José disse-lhes: «Ouçam lá o sonho que eu tive.

7 Estávamos nós a atar os feixes no campo e, nisto, o meu feixe levantou-se e ficou de pé, enquanto os vossos feixes que estavam à sua volta se inclinavam diante dele.»

8 Os irmãos replicaram: «Será que tu vais ser o nosso rei, para seres tu a mandar em nós?» E por causa dos sonhos e da explicação que ele deu, ainda mais o detestaram.

9 José teve outro sonho e contou-o também aos seus irmãos. Disse-lhes ele: «Tive outro sonho. Era o Sol e a Lua e onze estrelas que se inclinavam diante de mim.»

10 Quando contou este sonho ao seu pai e aos seus irmãos o pai repreendeu-o e disse-lhe: «Que sonho é esse que tu tiveste? Será que eu e a tua mãe temos de ir inclinar-nos até ao chão diante de ti?»

11 Com isto, os seus irmãos tinham ainda mais inveja dele e o seu pai pensava com frequência naquele sonho.

José vendido pelos irmãos

12 Um dia os irmãos de José tinham ido guardar o rebanho do seu pai para a região de Siquém,

13 e Israel disse a José: «Os teus irmãos andam a guardar o rebanho em Siquém e eu queria que fosses ter com eles.» José respondeu: «Vou, sim!»

14 Jacob continuou: «Vai ver como é que estão os teus irmãos e como vão os rebanhos e manda-me dizer alguma coisa.» Jacob estava no vale de Hebron quando enviou José. Mas ao chegar a Siquém,

15 José perdeu-se do caminho. Alguém o encontrou às voltas pelo campo e lhe perguntou: «Que é que andas a procurar?»

16 Ele respondeu: «Ando à procura dos meus irmãos; diz-me, por favor, onde é que eles andam a guardar o gado.»

17 Aquele homem disse-lhe: «Foram-se embora daqui. Ouvi-os dizer que iam para Dotan.»Então José dirigiu-se para Dotan à procura dos seus irmãos e encontrou-os em Dotan.

18 Os irmãos viram-no quando vinha ainda longe e, antes de ele se aproximar, fizeram planos para o matar.

19 Por isso, diziam uns para os outros: «Lá vem aquele sonhador.

20 Aproveitemos agora! Matamo-lo e atiramo-lo a um poço dos que há por aí e depois dizemos que foi uma fera que o devorou. Veremos em que é que param os seus sonhos.»

21 Rúben ouviu isto e quis evitar que eles o matassem. Por isso, disse-lhes: «Não o matemos!»

22 E continuou: «Não lhe tirem a vida. Atirem-no para aquele poço que está no deserto, mas não lhe façam mal.» O que pretendia era livrá-lo das suas mãos, para o entregar ao pai.

23 Quando José chegou junto dos irmãos; eles tiraram-lhe aquela capa vistosa que trazia,

24 agarraram-no e atiraram-no para um poço que estava seco e sem água nenhuma.

25 Depois sentaram-se a comer e repararam que uma caravana de ismaelitas vinha ao longe, dos lados de Guilead. Nos seus camelos transportavam resinas, bálsamos e unguentos e iam a caminho do Egito.

26 Judá disse então aos irmãos: «Que proveito temos nós em matar o nosso irmão e depois ocultar a sua morte?

27 Vamos mas é vendê-lo àqueles ismaelitas. Não lhe façamos mal, porque afinal é nosso irmão e é do nosso sangue.» E os irmãos concordaram.

28 Quando aqueles comerciantes ismaelitas de Madiã chegaram ali, os irmãos tiraram José para fora do poço e venderam-no aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes levaram José para o Egito.

29 Quando Rúben voltou de novo ao poço e viu que José já lá não estava, rasgou as roupas em sinal de tristeza,

30 voltou para junto dos seus irmãos e disse-lhes: «O rapaz já cá não está! Que vou eu fazer agora?»

31 Então os irmãos pegaram na capa de José, mataram um cabrito, mancharam-na com o sangue desse cabrito

32 e enviaram-na ao pai com este recado: «Encontrámos isto. Vê lá se é ou não a capa do teu filho.»

33 Jacob reconheceu-a e exclamou: «É realmente a capa do meu filho. Foi uma fera que destroçou e devorou José.»

34 Jacob rasgou as suas roupas, cobriu-se de tecido grosseiro em sinal de tristeza e guardou o luto durante muito tempo pelo filho.

35 Todos os seus filhos e filhas tentaram confortá-lo, mas ele recusava esse conforto e repetia: «Quero continuar de luto até descer ao sepulcro para ir ter com o meu filho.» E assim continuava a chorar pelo filho.

36 No Egito os madianitas venderam José a Potifar, que era um alto funcionário e chefe da guarda do faraó.

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