Génesis 41 BPT09D

José interpreta os sonhos do faraó

1 Passaram-se dois anos. Certo dia também o faraó teve um sonho. Sonhou que estava junto ao rio Nilo

2 e que do rio subiam sete vacas de belo aspeto e gordas, que se puseram a pastar por entre os juncos.

3 Logo atrás delas, outras sete vacas subiam do rio, magras e de mau aspeto e pararam na margem do rio, junto das primeiras vacas.

4 E então as vacas magras e de mau aspeto devoraram as sete vacas de belo aspeto e bem nutridas.Depois disto, o faraó acordou;

5 mas voltou a adormecer e teve ainda outro sonho. Sete espigas de trigo bem gradas e belas cresciam num único pé.

6 Mas logo a seguir nasceram outras sete espigas vazias e secas por causa do vento leste.

7 E estas sete espigas vazias engoliram as sete espigas gradas e belas.Nisto o faraó acordou e viu que era um sonho.

8 Na manhã seguinte, estava muito preocupado e mandou chamar todos os adivinhos e sábios do Egito e contou-lhes os sonhos. Mas ninguém conseguia dar-lhe a interpretação.

9 Então o chefe dos encarregados das bebidas falou com o faraó e disse-lhe: «Realmente agora tenho que reconhecer que cometi uma falta.

10 Quando o faraó se irritou contra mim e contra o chefe dos padeiros e nos mandou meter na cadeia do chefe da sua guarda,

11 certa noite cada um de nós teve um sonho com significado diferente.

12 Estava lá connosco um rapaz hebreu que era escravo do chefe da guarda do faraó; contámos-lhe os nossos sonhos e ele explicou-nos o significado do sonho que cada um de nós tinha tido.

13 E tudo aconteceu exatamente como ele nos tinha interpretado: o faraó colocou-me de novo no meu posto e ao meu colega enforcou-o.»

14 O faraó mandou chamar José e foram a toda a pressa tirá-lo da masmorra. José cortou a barba, vestiu roupas novas e apresentou-se diante do faraó.

15 O faraó disse-lhe: «Eu tive um sonho e ninguém o sabe interpretar. Ora, ouvi dizer que quando te contam um sonho, tu és capaz de interpretá-lo.»

16 José respondeu: «Isso não depende de mim. Deus é que há de dar a resposta para bem do faraó.»

17 Então o faraó contou a José: «Eu sonhei que estava na margem do rio Nilo.

18 Nisto vi sete vacas gordas e de belo aspeto que saíam do rio e iam pastar por entre os juncos.

19 Logo depois sete outras vacas saíam do rio, magras e de mau aspeto, como eu nunca tinha visto em todo o Egito.

20 As vacas magras e de mau aspeto devoraram as sete primeiras vacas, as gordas.

21 Mas mesmo depois de as terem comido, ninguém diria que as tinham comido, porque continuavam magras como antes.Nesse momento, acordei.

22 Mas depois voltei a ter outro sonho. Eram sete espigas que cresciam num só pé de trigo gradas e belas.

23 Mas logo a seguir rebentaram outras sete espigas vazias e secas por causa do vento leste.

24 Então as sete espigas vazias engoliram as sete espigas boas. Contei isto aos adivinhos, mas ninguém foi capaz de dar uma explicação.»

25 José disse então ao faraó: «Os dois sonhos do faraó são, na realidade, um só. Foi Deus que quis comunicar ao faraó aquilo que ele vai fazer.

26 As sete vacas gordas representam sete anos e as sete espigas boas significam também sete anos. Fazem parte de um único sonho.

27 As sete vacas magras e de mau aspeto, que vieram depois, são igualmente sete anos, bem como as sete espigas vazias e secas pelo vento leste. São sete anos de fome que hão de vir.

28 É como eu disse a Vossa Majestade. Deus mostrou ao faraó aquilo que vai fazer.

29 Hão de vir sete anos de grande fartura em todo o Egito.

30 Mas depois virão sete anos de fome. Toda a gente se esquecerá da fartura que havia antes no Egito e a fome levará o país à ruína.

31 Tão dura será a fome que há de vir depois que da fartura de antes não ficará nem rasto.

32 E quanto ao facto de o sonho ter sido visto por duas vezes, significa que Deus está mesmo decidido a pôr isso em prática, muito em breve.

33 Por isso, Vossa Majestade devia procurar um homem inteligente e sábio para o encarregar de dirigir o país.

34 Deve igualmente nomear e estabelecer governadores pelo país, a fim de recolherem um quinto da produção do Egito, durante os sete anos de fartura.

35 Que eles recolham todo o trigo que sobra durante estes bons anos que estão para vir e o armazenem em cada uma das cidades, às ordens do faraó, para depois alimentar o país.

36 Assim haverá alimento em reserva para toda a gente, tendo em conta os sete anos de fome que hão de assolar o Egito. Desta forma, a fome não há de destruir o país.»

José, representante do faraó

37 O plano exposto por José agradou ao faraó e aos conselheiros.

38 Então o faraó disse aos seus conselheiros: «Seremos porventura capazes de encontrar um homem tão inspirado por Deus como este?»

39 Por isso, declarou a José: «Visto que Deus te deu a conhecer todas essas coisas, não há ninguém tão inteligente e sábio como tu.

40 Ficas encarregado de dirigir o meu palácio; e todo o meu povo se submeterá às tuas ordens. Só eu serei maior do que tu, porque sou o rei.»

41 O faraó continuou ainda: «Portanto, ficas nomeado governador de todo o país do Egito.»

42 Ao dizer isto, tirou da sua mão o anel com o selo real e colocou-o na mão de José. Mandou-lhe vestir roupas de linho fino e colocar ao pescoço um colar de ouro.

43 Depois convidou-o a subir para o carro destinado ao principal colaborador do faraó e ordenou que à frente dele fosse um arauto a gritar: «Prestem homenagem!» E assim José ficou nomeado governador de todo o Egito.

44 O faraó declarou a José: «Eu sou o faraó. Mas sem a tua autorização, ninguém pode fazer seja o que for no Egito.»

45 O faraó deu a José o nome de Safnat-Panea e deu-lhe em casamento Assenat, filha de Potifera, sacerdote de Heliópolis. Depois José saiu dali para ir percorrer todo o Egito.

46 José tinha trinta e seis anos de idade quando compareceu diante do faraó, rei do Egito. Depois despediu-se do faraó e começou a viajar por todo o Egito.

47 Durante os sete anos de fartura a terra produziu colheitas muito abundantes.

48 Ele mandou recolher, durante aqueles sete anos, tudo aquilo que sobrava e mandou-o armazenar nas várias cidades, para vir a servir de reserva de alimento. Em cada cidade, armazenava tudo o que sobrava da colheita dos campos da região.

49 José conseguiu assim armazenar trigo em tão grande quantidade, como as areias do mar. José teve mesmo de deixar de o medir, porque já ninguém o conseguia medir.

50 Antes ainda de terem chegado os anos de fome, a mulher de José, Assenat, filha de Potifera, sacerdote de Heliópolis, deu à luz dois filhos.

51 Ao mais velho José deu o nome de Manassés porque, dizia ele, «Deus fez com que eu pudesse esquecer todos os meus sofrimentos e a casa do meu pai.»

52 Ao segundo deu o nome de Efraim porque, dizia ele, «Deus fez com que eu tivesse filhos na terra onde vivi oprimido.»

53 Acabaram-se aqueles sete anos de fartura que houve no Egito

54 e começaram os sete anos de fome, tal como José tinha anunciado. Em todos os outros países havia fome. Mas no Egito havia comida.

55 Quando os habitantes do Egito começaram a sentir fome e foram pedir trigo ao faraó, este respondia a todos: «Vão ter com José e façam o que ele vos mandar.»

56 Quando a fome já se estendia a todo o país, José mandou abrir os armazéns de trigo, para ser distribuído pelos egípcios, porque a fome apertava cada vez mais no Egito.

57 De todos os países iam ao Egito para comprar trigo a José, porque a fome era enorme por todo o lado.

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