2 Macabeus 11 BPT09D

Judas derrota Lísias

1 Muito pouco tempo depois, Lísias, tutor do rei e seu parente, responsável pelo governo do reino, suportando mal estes acontecimentos,

2 reuniu um exército de uns oitenta mil homens mais toda a sua cavalaria e marchou contra os judeus, resolvido a fazer da cidade uma terra de gregos,

3 sujeitar o templo a um imposto, como fazia com os lugares de adoração das outras nações, e pôr à venda anualmente o cargo de sumo sacerdote.

4 Ele não estava a considerar o poder de Deus, mas orgulhava-se das suas dezenas de milhares de soldados de infantaria e dos milhares de cavaleiros, e ainda dos seus oitenta elefantes.

5 Invadiu a Judeia, marchou até Bet-Sur, uma fortaleza a cerca de uns vinte e oito quilómetros de Jerusalém, e submeteu-a a um cerco.

6 Quando os companheiros de Judas receberam a notícia de que Lísias estava a atacar as fortalezas, eles e todo o povo dirigiram súplicas ao Senhor, com choro e lágrimas, para que enviasse um bom anjo para salvar Israel.

7 O próprio Judas foi o primeiro a pegar em armas e encorajou os outros a arriscar as suas vidas juntamente com ele, para ajudarem os seus irmãos. E a isso se lançaram, à uma e cheios de entusiasmo.

8 Ainda estavam perto de Jerusalém, quando surgiu um cavaleiro à sua frente, de vestes brancas e empunhando armas de ouro.

9 E todos à uma louvaramos misericordioso Deus e revigoraram as suas almas, ficando prontos para destruir não somente homens, como também animais dos mais selvagens, e até muralhas de ferro.

10 Avançaram em ordem de batalha, com um aliado vindo do céu, pois o Senhor tinha usado de misericórdia para com eles.

11 Como leões, lançaram-se contra os inimigos, mataram onze mil soldados de infantaria e mil e seiscentos de cavalaria e obrigaram todos os outros a fugir.

12 A maioria deles, feridos e sem as suas armas, escapou. O próprio Lísias fugiu vergonhosamente para se salvar.

Lísias faz paz com os judeus

13 Não sendo desprovido de senso e refletindo sobre o revés que sofrera, entendeu que os hebreus eram invencíveis quando o poderoso Deus lutava por eles.

14 Por isso, enviou-lhes para os convencer a resolver o conflito em todas as condições justas, e por isso insistira com o rei, persuadindo-o a tornar-se amigo deles.

15 Macabeu aceitou tudo quanto Lísias propusera, pensando na conveniência de todos. E tudo o que pediu por escrito a Lísias, a favor dos judeus, o rei lho concedeu.

A carta de Lísias aos judeus

16 A carta que Lísias escreveu aos judeus era do seguinte teor: «Da parte de Lísias, ao povo judeu, saudações.

17 João e Absalão, os vossos mensageiros, entregaram-me uma carta, com as petições abaixo transcritas, solicitando o meu consentimento para o que nela propunham.

18 Tudo quanto era necessário apresentar ao rei, eu lho fiz saber, e com tudo aquilo que era aceitável ele consentiu.

19 Se, por conseguinte, continuarem a ter boa vontade para com o Estado, quanto ao resto vou esforçar-me por cuidar do vosso bem.

20 Quanto a estes pontos e a outros mais particulares, já dei instruções aos meus embaixadores para os discutirem convosco.

21 Saúde. Escrito no dia vinte e quatro do mês de Dioscorinto, do ano cento e quarenta e oito.»

A carta do rei a Lísias

22 A carta do rei tinha o seguinte conteúdo: «Da parte do rei Antíoco, saudações ao seu irmão Lísias.

23 Agora que o nosso pai partiu para os deuses, o nosso desejo é que os súbditos do reino tenham uma vida tranquila e cuidem dos seus próprios negócios.

24 Temos ouvido dizer que os judeus não se mostraram dispostos a adotar os costumes gregos, conforme o propósito do nosso pai; pelo contrário, preferem a sua própria maneira de viver e pedem autorização para continuar a seguir as suas próprias leis.

25 Desejando, pois, que também este povo viva em tranquilidade, determinamos que o templo lhes seja restaurado e devolvido e que se governem com os costumes dos seus antepassados.

26 Farás, pois, bem em lhes enviar uma embaixada para lhes estender a mão em gesto de amizade, de forma que, ao conhecerem a nossa intenção, tenham bom ânimo e com alegria se dediquem aos seus próprios negócios.»

A carta do rei aos judeus

27 A carta que o rei enviou ao povo judeu dizia o seguinte: «Da parte do rei Antíoco, saudações ao conselho dos anciãos dos judeus e a todos os restantes judeus.

28 Se estiverdes bem, será esse o nosso desejo. Nós achamo-nos de boa saúde.

29 Informou-nos Menelau que quereis voltar para casa para cuidardes dos vossos próprios assuntos.

30 A quem, pois, regressar até ao dia trinta do mês de Xântico, estenderei a minha mão em sinal de paz.

31 Poderão os judeus utilizar os seus próprios recursos e leis, como faziam anteriormente, e ninguém será castigado de nenhum modo, por qualquer falta cometida com desconhecimento da lei.

32 Também estou a enviar Menelau a fim de vos tranquilizar.

33 Votos de que passem bem. Aos quinze dias de Xântico do ano cento e quarenta e oito.»

A carta dos romanos aos judeus

34 Os romanos endereçaram-lhes também uma carta, que dizia o seguinte: «Da parte de Quinto Mémio e Tito Mânio, embaixadores romanos, saudações ao povo judeu.

35 Tudo quanto Lísias, parente do rei, vos conceder, também nós concordamos.

36 Quanto aos assuntos que ele entendeu dever apresentar, examinai-os bem e enviai-os a alguém com a brevidade possível, a fim de que lho possamos expor da maneira que vos seja mais vantajosa, pois estamos de partida para Antioquia.

37 Por isso, apressai-vos a enviar-nos embaixadores, para que nós também saibamos qual é a vossa opinião.

38 Votos de boa saúde. Aos quinze dias de Xântico do ano cento e quarenta e oito da era grega.»

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