1 Macabeus 4 BPT09D

1 Górgias reuniu cinco mil soldados de infantaria e mil dos melhores cavaleiros e saiu de noite com eles do acampamento.

2 O seu plano era atacar de surpresa os judeus e acabar com eles. Os habitantes da cidadela foram os seus guias.

3 Quando Judas soube do plano de Górgias, saiu com os seus soldados para atacar o exército do rei em Emaús,

4 enquanto Górgias e o seu exército estavam fora do acampamento.

5 Górgias chegou ao acampamento de Judas de noite e não encontrou ninguém. Górgias foi procurá-los nas montanhas e disse: «Eles estão a fugir de nós.»

6 De madrugada, Judas apareceu na planície com três mil homens, mas não tinham as armaduras e as espadas que gostariam de ter.

7 Viram o poderoso e bem defendido acampamento dos pagãos, rodeado pelas tropas de cavalaria e com os soldados prontos para o combate.

8 Judas disse aos seus homens: «Não tenham medo desse exército enorme e não se assustem quando nos atacarem.

9 Lembrem-se de como os nossos antepassados foram salvos no Mar Vermelho, e como faraó os perseguia com o seu exército.

10 E agora oremos ao céu, pedindo-lhe que tenha compaixão de nós e se lembre da aliança que fez com os nossos antepassados e derrote, hoje, este exército que estamos a enfrentar.

11 Assim todos os pagãos ficarão a saber que existe alguém que socorre e salva o povo de Israel.»

12 Quando os estrangeiros ergueram os olhos e viram os judeus a avançar para os atacar,

13 saíram do acampamento para a luta. Os soldados de Judas tocaram as cornetas

14 e atacaram. Derrotaram completamente as tropas estrangeiras, que fugiram para a planície;

15 os que ficaram para trás foram mortos à espada. Os judeus perseguiram-nos até Guézer e planícies da Idumeia e cidades de Asdod e Jâmnia; três mil inimigos foram mortos.

16 Quando Judas e o seu exército pararam de os perseguir e voltaram para o acampamento,

17 disse ao povo: «Não vão buscar agora os objetos de valor dos soldados mortos, pois ainda temos novo combate pela frente.

18 Górgias e o seu exército estão muito perto, ali nas montanhas. Enfrentem com coragem os inimigos e lutem contra eles; depois da batalha poderão levar os objetos de valor com toda a segurança.»

19 Judas tinha acabado de falar quando uma patrulha de soldados inimigos apareceu no alto das montanhas.

20 Viram que o seu exército tinha fugido e que o seu acampamento tinha sido incendiado. Via-se o fumo, que mostrava claramente o que estava a acontecer.

21 Ao notarem isto, ficaram apavorados; e, quando viram o exército de Judas na planície, pronto para a batalha,

22 fugiram todos para a terra dos filisteus.

23 Então Judas e os seus soldados foram até ao acampamento inimigo, levaram muito ouro e prata, tecidos de cor púrpura e azul marinho e muitas outras riquezas.

24 Quando voltaram para o acampamento, cantaram um hino, louvando a Deus porque ele é bom, e o seu amor dura para sempre.

25 Naquele dia o povo de Israel teve uma grande vitória.

26 Os soldados estrangeiros que conseguiram escapar foram contar a Lísias tudo o que tinha acontecido.

27 Ele ficou muito contrariado e desanimado com a notícia, pois não tinha podido fazer com Israel o que queria e aquilo que o rei Antíoco havia ordenado que fizesse.

Judas derrota Lísias outra vez

28 No ano seguinte, para combater contra os judeus, Lísias juntou um exército de sessenta mil dos melhores soldados de infantaria e cinco mil de cavalaria.

29 Marcharam para a Idumeia e acamparam em Bet-Sur; Judas foi ao encontro deles com dez mil homens.

30 Quando viu o enorme exército de Lísias, orou assim: «Bendito sejas, ó Salvador de Israel, tu que destruíste o ímpeto do poderoso gigante pela mão do teu servo David e entregaste o acampamento filisteu nas mãos de Jónatas, filho de Saul, e do rapaz que carregava as suas armas.

31 Do mesmo modo entrega este exército nas mãos de Israel, o teu povo. Que os nossos inimigos, com todos os seus soldados e cavaleiros, fiquem envergonhados!

32 Infunde neles medo; desfaz a confiança que têm no seu poder e sejam abalados na hora da derrota.

33 Acaba com eles, usando para isso as espadas dos que te amam, e que todos os que conhecem o teu nome te cantem louvores.»

34 Os dois exércitos encontraram-se, e cinco mil soldados de Lísias foram mortos, tombando diante deles.

35 Quando Lísias viu o desastre ocorrido com o seu exército, e notou a coragem dos soldados de Judas e como estes estavam prontos para viver ou morrer corajosamente, decidiu voltar para Antioquia. Ali contratou soldados mercenários, pois o seu plano era voltar para a Judeia com um exército ainda maior.

A purificação e dedicação do templo

36 Judas e os seus irmãos disseram: «Os nossos inimigos foram derrotados. Portanto, vamos purificar o templo e restaurá-lo.»

37 Então o exército inteiro juntou-se e subiu ao monte Sião.

38 Ali viram o templo em ruínas, o altar profanado e os portões destruídos pelo fogo. Nos pátios nascia mato como nos bosques e nas montanhas, e os quartos dos sacerdotes tinham sido destruídos.

39 Então todos rasgaram as suas roupas, choraram em voz alta, puseram cinzas na cabeça

40 e atiraram-se ao chão, encostando o rosto na terra. Quando as trombetas deram sinal, todos clamaram ao céu.

41 Nisto Judas ordenou que alguns dos seus homens atacassem a cidadela enquanto ele purificava o templo.

42 Escolheu sacerdotes irrepreensíveis, dedicados à lei de Deus,

43 e eles purificaram o templo levando para um lugar impuro as pedras que o profanavam.

44 O altar onde eram queimados os sacrifícios tinha sido profanado; então eles discutiram o que deviam fazer com ele.

45 Tiveram a boa ideia de desmontá-lo a fim de que não ficasse ali para os envergonhar; pois os pagãos tinham-no profanado. Desmontaram o altar

46 e puseram as pedras num lugar próprio, no monte do templo, onde ficariam guardadas até que aparecesse um profeta e lhes dissesse o que deveriam fazer com elas.

47 Depois conforme a lei prescreve, construíram um altar novo, com pedras não lavradas, igual ao primeiro.

48 Reconstruíram o templo e reformaram a parte de dentro, dedicaram os pátios

49 e fizeram novos utensílios sagrados. Puseram o candelabro, o altar do incenso e a mesa onde eram colocados os pães consagrados nos respetivos lugares no templo.

50 Queimaram incenso no altar e acenderam as lamparinas do candelabro; e o templo encheu-se de luz.

51 Colocaram os pães na mesa e penduraram as cortinas. Assim completaram tudo o que se propuseram fazer.

52 No ano cento e quarenta e oito da era grega, no dia vinte e cinco do nono mês, o mês de Quisleu, os sacerdotes levantaram-se de manhã bem cedo

53 e, conforme a lei prescreve, ofereceram um sacrifício no novo altar onde os sacrifícios iam ser queimados.

54 Isto aconteceu três anos depois de os pagãos terem profanado o templo, exatamente no mesmo dia e mês. Os judeus consagraram o templo com hinos e música de harpas, liras e címbalos.

55 Todo o povo se ajoelhou e prostraram-se para bendizer o céu pela vitória que lhes tinha dado.

56 Durante oito dias festejaram a dedicação do altar; com grande alegria ofereceram holocaustos e apresentaram sacrifícios de salvação e de louvor.

57 Enfeitaram a fachada do templo com coroas de ouro e escudos pequenos; consertaram os portões e também os quartos dos sacerdotes e colocaram-lhes portas.

58 Ficaram todos muito alegres e contentes, pois a vergonha causada pelos pagãos já tinha desaparecido.

59 Judas, os seus irmãos e todo o povo de Israel resolveram que a festa da dedicação do altar seria comemorada com muita alegria, durante oito dias, na mesma data, todos os anos, começando no dia vinte e cinco de Quisleu.

60 E construíram ao redor do monte Sião uma muralha alta, com fortes torres de vigia, para impedir que os pagãos voltassem a entrar na cidade, como já tinham feito.

61 Judas deixou ali alguns soldados para protegerem o templo. E cercou de muralhas também a cidade de Bet-Sur para que os judeus tivessem uma defesa face à Idumeia.

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